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terça-feira, 8 de agosto de 2017

LEI DE TALIÃO - Jovem Iraniana que teve rosto deformado ganhou na justiça o direito de cegar o agressor

A iraniana Ameneh Bahrami, de 34 anos, ficou desfigurada depois que um colega de faculdade com quem ela se recusou a casar atirou ácido em seu rosto. Em 2011, ela ganhou na justiça o direito de aplicar a Lei de Talião, em que poderia se vingar cegando o agressor. Na última hora, ela desistiu de pagar o crime na mesma moeda.
Ameneh está lançando um livro sobre seu acidente e deu depoimento à Folha de São Paulo sobre o ocorrido: “Fiz faculdade de Engenharia Eletrônica. Em 2003, uma senhora me telefonou dizendo que tinha um filho que estudava comigo e queria me pedir em casamento. Ela me disse seu nome, Majid Movahedi, e então fui conferir quem era. Eu o conhecia de rosto, mas não sabia seu nome. Quando ela ligou de novo, contei que não estava interessada. Eu não ia com a cara dele e, além disso, ele um dia havia mexido comigo durante uma oficina de laboratório, tocando minhas coxas”.
Segundo a vítima, a pretensa sogra continuou telefonando, e chegou a dizer que seu filho era homem e, por isso, tinha direito de escolher quem desejasse para casar. Após meses recebendo ligações, Ameneh exigiu que a senhora parasse de telefonar. Ela respondeu que o filho iria se matar se não fosse correspondido.
“Eu só soube muito tempo depois que Majid vivia me seguindo e sabia todo tipo de informação a meu respeito, desde horários até nomes de colegas. Certa vez ele ligou dizendo que estava disposto a me matar se eu não me casasse com ele. Não levei a sério, até que um dia, em 2004, eu o vi me esperando na frente da empresa. Repeti que não o queria e contei que tinha um marido. Majid respondeu: É mentira, pois sei tudo a seu respeito. Case comigo ou vou arruinar sua vida.”, relembra.
Dois dias depois, Ameneh saiu do trabalho e caminhava pela rua quando sentiu alguém apressado atrás dela. “Deixei a pessoa me ultrapassar e vi que era Majid, com um frasco na mão. Ele atirou um líquido no meu rosto, e pensei que fosse água quente. Ele riu e saiu correndo. Minha vista escureceu. Logo senti uma queimação insuportável e entendi que o líquido que escorria pelo meu rosto não era água quente, mas ácido sulfúrico!”, lamentou.

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